O futebol nasceu nas ruas, nos campos de terra e nas peladas improvisadas. Mas quem esteve no CEEFÓ, na Freguesia do Ó, nos dias 26 e 27 de julho, sentiu que estava vendo algo novo, e ao mesmo tempo, tão familiar. Era o mesmo cheiro de chuteira, o grito do gol, a resenha entre amigos. Mas também era novidade pura: o primeiro Torneio de Futebol X1 dos Jogos da Cidade de São Paulo.
A cena era quase nostálgica: arquibancada cheia, sol forte, pessoal da Freguesia reunido, crianças correndo com bola na mão, mães gritando “vai, filho!”. Mas ali não tinha campo de 11, nem traves grandes. O X1 é outra conversa. Um esporte novo, dinâmico, ousado, que mistura a malandragem do futebol de várzea com o improviso do futsal e a frieza de quem decide em um contra um.
A Prefeitura de São Paulo e a SEME apostaram pesado para trazer o X1 para o calendário dos Jogos da Cidade — e a aposta foi certeira. Mais de 250 mil visualizações nas redes em apenas uma edição, estrutura impecável, entretenimento do começo ao fim e um nível técnico que surpreendeu até os mais céticos.
Era para ser um teste. Virou um marco.
Primeiro dia: a explosão do masculino

O sábado, 26 de julho, começou quente na Zona Norte. 20 duplas do futebol masculino chegaram cedo, muitas delas com a confiança estampada no rosto e o nervosismo escondido no aperto da chuteira. Foram mais de 16 partidas só no primeiro dia: goleadas, shoot-outs, dribles de videogame, defesa de cinema.
Na primeira partida das quartas de final, o Vila Brasilina mostrou a que veio: Kauã estava inspiradíssimo. Com um estilo ‘vamos para cima’ e rápido, atropelou o TNT com um 5×1 que deixou claro que seu nome seria lembrado.
Em seguida, Sem Banca e Brutos protagonizaram um duelo tenso. Jémerson tentou carregar o Sem Banca nas costas, mas o goleiro Capixaba — nome do jogo — defendeu de tudo, pegou shoot-outs e empurrou o Brutos para a semifinal com o placar de 3×2.
Na terceira partida, PFX1 e Bora Tentar fizeram um jogo cheio de viradas. Paulo foi o cara, explorou a fraqueza do adversário e marcou gols decisivos, garantindo a vitória por 6×4.
Para fechar o dia, Boleiros e Vem que Tem entregaram emoção e suor. O time do Vem que Tem liderou boa parte do jogo, mas Jerry não desistiu. Correu, brigou e virou a partida: 5×4 para os Boleiros, que avançaram para o domingo com moral. O sol caiu, mas a certeza já estava clara: o X1 tinha chegado para ficar.
Segundo dia: a manhã do feminino e a decisão do título

O domingo amanheceu gelado, mas o calor veio do gramado, das chuteiras riscando o campo, dos gritos de incentivo. Às 9h, oito duplas femininas chegaram para escrever outro capítulo histórico: a estreia do X1 feminino nos Jogos da Cidade.
Na semifinal, o Six Senses brilhou com a velocidade de Ana, que marcou quatro gols e conduziu a vitória por 4×2 sobre o 51 é Pinga. No outro lado da chave, o Legends mostrou força e experiência: Perego e Isa dominaram o jogo, venceram o mesmo 51 é Pinga por 4×1 e carimbaram a vaga na final.
Na decisão, prevaleceu a calma. O jogo foi tático, estudado, de poucas chances. Mas a estrela de Perego brilhou mais forte: dois gols, vitória por 2×0 e o primeiro título do Legends, que entrou para a história como a primeira campeã do X1 feminino dos Jogos da Cidade.
Masculino: semifinais, decisões e um herói chamado Cauã

À tarde, era hora de resolver quem seria o primeiro campeão do X1 masculino.
Nas semifinais, o Boleiros atropelou o PFX1 com um inspirado Jerry, que marcou quatro vezes só no primeiro tempo e garantiu a vitória por 7×3. Do outro lado, o Vila Brasilina não tomou conhecimento do Brutos: 6×0, com Kauã mostrando que sabia atacar, marcar e até cadenciar o jogo como quem joga em câmera lenta.
Na disputa do 3º lugar, o PFX1 venceu o Brutos por 6×3 e fechou o torneio no pódio.
Mas a grande expectativa era pela final.
A grande final: Vila Brasilina 3 x 2 Boleiros

O jogo que decidiu o primeiro título do X1 masculino teve tudo: gols, tensão, lesões e talento de sobra.
Kauã, do Vila Brasilina, e Jerry, dos Boleiros, eram os protagonistas que todos esperavam. Jerry, com estilo de futsal: curto, rápido, preciso. Cauã, com pegada de campo: arranque, explosão, corpo no corpo.
Os dois times chegaram a marcar, a perder chances e a arrancar suspiros da torcida. Mas no fim, a história foi decidida nos detalhes. Um erro do Boleiros, um shoot-out marcado, e Cauã — o impipocável — assumiu a responsabilidade.
Toque na bola, chute seco, canto direito. Gol. Título. História.
Vila Brasilina 3×2 Boleiros. Cauã ergueu a taça. E um novo esporte ganhou seu campeão.
Estamos vendo um novo fenômeno à frente dos nossos olhos
O primeiro Torneio de X1 dos Jogos da Cidade foi um sucesso absoluto:
- Dois dias de evento.
- Mais de 30 partidas disputadas.
- 20 duplas masculinas e 8 femininas inscritas.
- Mais de 250 mil visualizações nas redes sociais.
Mais do que estatísticas, o que ficou foi a sensação: o X1 chegou para ficar.
Não é só mais uma modalidade. É um novo jeito de jogar, de vibrar e de contar histórias nos Jogos da Cidade de São Paulo.
E, depois desse fim de semana, uma coisa é certa: essa foi só a primeira página de um capítulo que promete ser longo.